{ All About Playing } interview with Virgínia Otten

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Definição de brincar: divertir-se (com jogos); entreter-se (com brincadeiras infantis); recrear-se; distrair-se; folgar;

Desde que comecei a fazer bonecos – e que sou mãe – que cada vez me interesso mais pelo mundo do brincar / do faz de conta… Como brincam hoje em dia as nossas crianças, como interagem e brincam os pais com elas, como brincar pode ajudar no desenvolvimento e na construção da identidade,…

Para esta entrevista tenho o prazer de vos apresentar a Virgínia e a sua família.

Por favor fale um pouco de si e da sua família.
O meu nome é Virgínia, tenho 38 anos, nasci em Lisboa e cresci em Sintra. Sou casada com o Robert, de 46, um holandês com quem me cruzei na nossa capital há muito, muito tempo e juntos tempos dois filhos maravilhosos: o Miguel, de 12 e a Maria Alecrim, de 3. Vivemos em Cascais, mesmo em frente ao Oceano Atlântico.

Melhor parque de brincadeiras.
O melhor parque de brincadeiras é o Parque Marechal Carmona, aqui perto. É raro o dia que não o visitamos, esteja frio ou calor. É grande o suficiente para nos esquecermos de que estamos perto de casa, o que sabe sempre a férias e ao mesmo tempo é muito familiar, permitindo que as crianças (e os adultos) brinquem e descansem em liberdade. Depois há sempre as praias. As nossas preferidas são a Cresmina e o Guincho e um pouco mais distante, a Praia das Maçãs, em Sintra. Somos uns privilegiados por termos tudo isto tão perto, todos os dias.

Num dia livre qual a actividade preferida da família?
Ir apanhar ar à praia. Andar, correr, apanhar pequenos tesouros, desenhar na areia… voltar a casa cheios de fome, cheios de areia e de alma lavada. Isto acontece mais naqueles dias em que sabemos que a praia está quase deserta. Nos dias em que as praias estão cheias de gente fugimos daqui. Sempre que podemos procuramos o campo, uma quinta, a natureza.

Como e com que brinquedos brincam os seus filhos?
Os nossos filhos estão em idades muito distintas mas mesmo assim conseguimos juntar todos à volta de uma mesma brincadeira, o que me surpreende.
A Maria é muito feminina mas também muito aventureira e cheia de energia. Passa horas a vestir e a alimentar os seus bonecos, conta-lhes histórias, leva-os a passear pela casa. Mas se vê o irmão a jogar um jogo de consola, junta-se a ele sem imaginar que o comando que tem em mãos é falso e na verdade não está a jogar. Faz construções com legos, joga à bola com o irmão e seus amigos e já quer aprender a andar de skate porque, como ela diz e muito bem, já é crescida. Por outro lado, o Miguel, que adora a irmã e é muito paternal para com ela, não se importa de passar uma hora a brincar com a irmã naquilo que ela quer. Eu gosto de ler para eles, gosto de passar uma tarde criativa com eles, gosto de dançar com eles… O pai tanto brinca aos restaurantes com a filha como joga uma partida de backgammon com o filho.

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Qual é o seu brinquedo favorito, actualmente? E o dos seu filhos?
Neste momento acho que é a música. Na tentativa de combater estes últimos dias de frio e de chuva decidi tirar os cd’s para fora e ouvi-los com eles. Arrastamos uns móveis e dançamos com o volume bem alto. Devia fazê-lo mais vezes.

O do Miguel deve ser o waveboard. Depois da escola, encontra-se com os amigos e juntos passam umas boas horas na rua longe dos pais, dos professores, da correria dos dias. Sim, como mãe que sou, fico com o coração nas mãos por o deixar ir em liberdade mas a certeza de que essa liberdade é o que ele precisa para crescer mais seguro e confiante (e feliz!) fala mais alto e felizmente aqui as crianças ainda podem brincar na rua até entardecer. Não consigo imaginar os meus filhos a crescer sem essa liberdade e autonomia.

O da Maria não sei. Ela brinca com tudo o que tem, todos os dias. Quando dou por ela já me roubou mais um trapo para tapar um boneco ou para pôr a mesa para o chá. Acho que o brinquedo preferido dela é a sua própria imaginação.

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Quando era criança como e com que brinquedos brincava? Qual era o seu brinquedo preferido?
Eu tanto passava tardes na rua com os vizinhos a andar de bicicleta como brincava horas a fio sozinha num mundo só meu. Gostava muito da casa de bonecas que o meu bisavô me construiu. Feita em madeira, tinha um quarto, uma sala de estar, uma sala de jantar e uma cozinha. E tinha, juntamente com os móveis em madeira feitos especialmente para a casa, uns outros, moderníssimos para a altura, em plástico côr de laranja que ainda hoje guardo como uma verdadeira relíquia.

Que tipo de trabalhos manuais prefere fazer com os seus filhos?
Fazemos plasticinas, desenhamos, recortamos, pintamos pedras que apanhamos na rua, tudo o que me vier à cabeça na altura. Quando era mais novo, o Miguel interessava-se mais por trabalhos manuais. Bordou, fez cordões em crochet, deu uns pontos na máquina de costura, até pegou nas agulhas de tricot umas quantas vezes. Também gostava de trabalhar pedra de sabão e barro. O verão passado andou entusiasmado com as pulseiras de elásticos, fez imensas e não se ficou pelas mais simples. Foi bom vê-lo tão interessado num trabalho manual, fazendo pesquisas, vencendo frustrações, ganhando confiança através da persistência e do trabalho. Neste natal, construiu um pequeno tear em cartão e começou aquilo que seria (será) um tapete para a casa de bonecas da irmã. Está quase pronto. Há uns anos atrás era costume ajudar-me a encher bonecos, quando os prazos de entrega começavam a apertar. Ele e o pai, para ser mais exacta. Agora é a Maria quem ajuda. Adorou encher almofadas para oferecer no natal.

Também gostamos muito de cozinhar. O Miguel, por volta dos 8 anos, já sabia fazer arroz, ovos mexidos e bolo de iogurte. E fazia-o sozinho. Ele gosta muito de ver programas de culinária e este natal foi surpreendido com um avental original do Master Chef, o que o deixou radiante. Gosto de o ver na cozinha, com ou sem livro de receitas, a descobrir todo um mundo de possibilidades. Ele gosta tanto de comida que me faz querer aprender mais também. A Maria, desde que se pôe em pé numa cadeira que se junta a mim na cozinha. Dá mais trabalho, suja mais mas é tão engraçado vê-la ali a tratar dos legumes para a sopa, enquanto fala, fala, fala. Consigo perfeitamente imaginá-la a apresentar um programa de culinária daqui a uns anos.

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Os seus filhos preferem brincar ou ver televisão? O que vêem na televisão influência muito as suas brincadeiras?
A Maria prefere brincar, sem dúvida. O Miguel já passa mais tempo a ver televisão, o que eu não gosto mas percebo que lhe saiba bem. Tento não ser demasiado chata em relação a isso (mas sou). Mas aquela hora depois do jantar em que a irmã já dorme e ele está sozinho com um ou ambos os pais no sofá não lhe vou retirar. É um tempo de conforto, mais que tudo. Quando era mais pequeno era costume vê-lo brincar a algo que tinha visto na televisão, hoje não.

Qual é o livro favorito dos seus filhos? E o seu (da colecção deles)?
A Maria anda a descobrir a antiga colecção dos livros da Anita da mãe. Gosta especialmente do “Anita Mamã”. O Miguel devorou a colecção do Harry Potter e fez-me prometer que os iria ler num futuro próximo. Lá vou ter que o fazer, talvez me surpreendam. Também quer que eu leia o “Reino do Silêncio”, do Pedro Seromenho. Confesso que tenho tido muito pouco tempo para ler nos últimos três anos e isso é algo que tenho que mudar já. Adoro ler, sozinha e com os meus filhos.

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Por favor pergunte aos seus filhos “Se fosses um personagem duma história qual serias? Porquê?”
O Miguel não encontra uma personagem que gostasse de ser. A Maria quer ser uma “pinxêja rosa”.

Sabe como os seus filhos brincam nos tempos livres na escola?
A mais nova vai à escola só de manhã. Quando está sol, as crianças brincam num espaço exterior amplo, correm, jogam à bola, são crianças. O mais velho gosta de jogar ping pong e de estar com os colegas. Sei que quando chove gosta de ir para a biblioteca da escola com os amigos mais chegados.

Os seu filhos preferem brincar dentro ou fora de casa?
O Miguel é muito caseiro, a Maria adora a rua. Mas ambos gostam muito de brincar em casa. É o seu porto seguro. Na nossa casa há sempre muito que fazer. Se quiserem fazer um bolo, fazem; se quiserem pintar um móvel, há sempre algum a pedir nova tinta; se quiserem ver um filme e comer pipocas, pomos o milho na panela… Até escrever nas paredes eu deixo (faço de conta que não vejo).

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As suas crianças gostam de inventar / criar jogos e personagens?
A Maria inventa imensos personagens. Ou melhor, ela repete tudo aquilo que absorve e depois faz a sua própria versão. Ela é a mãe, a professora, a doutora. Atribuiu uma cor a todos nós como quem distribui papéis aos actores e ai de nós que tentemos mudar de cor. O pai só pode pintar com verde, a mãe deve ter sempre algo roxo vestido, o irmão só pode se sentar na cadeira com a fita amarela e ela, claro, tem que ter tudo cor de rosa. O Miguel ainda gosta de inventar expedições e aventuras por aí com os amigos. Só não sei se o fará por muito mais tempo… O tempo passa mesmo a correr.

Os sons e a música são importantes nas brincadeiras dos seus filhos?
Sim, eles gostam muito de música. O Miguel chega a casa e liga o rádio (está um verdadeiro adolescente). Até há pouco tempo tocava bateria com um músico e professor nosso conhecido mas decidiu parar. Não era uma paixão, embora fosse um excelente aluno e me fizesse rebentar de orgulho. Tenho esperança que venha a descobrir um instrumento de que goste mais ou que volte a este, quando sentir vontade. A Maria adora cantar e dançar. Incapaz de fixar a letra de uma canção, improvisa maravilhosamente.

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Obrigada Virgínia – adorei ficar a conhecer um pouco do vosso mundo – uma delícia!
A Virgínia faz os coelhos mais lindos e doces, que se possa imaginar – espreitem o seu blog Amo-te Mil Milhões e vejam se não tenho razão :)

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Gostava muito de saber como brincam os seus pequenotes? Qual o seu brinquedo favorito?
Por favor deixe um comentário abaixo.

4 Comments

  1. Adorei esta entrevista! Gosto muito do trabalho e das palavras da Virgínia! Adorei conhecê-la um pouco melhor!
    Beijinhos da Costa alentejana, Xana

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